Pular para o conteúdo principal

Em defesa dos ícones: resposta a Pedro Gaião

Por Mariano de Arcos


Faz algumas semanas que tomei ciência da figura do apologeta anticatólico Pedro Gaião, que vem se engajando em diversas polêmicas religiosas para promover ataques a Igreja, especialmente na questão dos ícones. Não é inteiramente incomum que esse tipo de polêmica seja levantada por protestantes, acredito que o primeiro protestante a levantar esse tipo de questão foi um dos pais fundadores do protestantismo, João Calvino, que no século XVI escreveu suas famosas Institutas para o Rei da França. É visível que os argumentos do sr. Gaião convergem com os de Calvino em quase tudo, não sendo nenhuma novidade para os católicos bem instruídos sobre a polêmica, mas é algo um tanto diferente do que o pobre debate religioso Brasileiro está acostumado a tratar, já que lida com fontes que vão além do debate bíblico e tangem também o registro histórico patrístico.


Admito que faço esse texto um tanto a contragosto. Honestamente, a questão das imagens sempre me pareceu uma polêmica pouco edificante e as oportunidades que tive de conversar com o sr. Gaião não me fizeram mudar de ideia quanto a isso. Contudo, como meu debate com ele ficou marcado como um episódio dentro de uma série de outros que ele vem fazendo publicamente (com o Mateus Tibúrcio, Jonathan Kuster, Rogerio Fernandes e outros), acredito que seja de meu dever elaborar uma resposta melhor organizada para dar satisfação a todos aqueles que estão acompanhando o desenvolvimento da questão. A verdade sobre o assunto muitas vezes se vê perdida quando não se deixam registros e é fato que apenas um lado da questão está se dedicando a deixar registros de seus argumentos, coisa que eu não gostaria de ignorar.


Dessa forma, gostaria de satisfazer a todos os que legitimamente estão prestando atenção em nossa polêmica. Contudo, não pretendo fazer esse texto uma mera resposta ponto-a-ponto dos argumentos do sr. Gaião, mas aproveitar a oportunidade para fazer uma explicação completa que permita o meu leitor imergir dentro da questão. Farei isso satisfazendo os seguintes problemas: como lidar com temas filosóficos/teológicos, qual é a doutrina da Igreja sobre o assunto, o que nos ensinam as Sagradas Escrituras, como funcionava a Igreja nos primeiros séculos, qual o real testemunho dos primeiros Cristãos quanto ao uso dos ícones e, por fim, farei algumas ressalvas importantes para amadurecer o debate.


1. Como lidar com temas filosóficos/teológicos


Quando pequenos, temos a tendência de acreditar piamente em tudo que nossos pais e responsáveis nos dizem e imitamos tudo aquilo que eles fazem. É natural do ser humano que queiramos imitar aqueles que nos são superiores e é a partir da imitação deles que progredimos na vida. Todo jogador de futebol tem por ídolos os jogadores da geração anterior e tenta imitar seus movimentos para tentar um dia chegar a ser tão talentoso quanto eles. Da mesma forma acontece na vida intelectual, onde seguimos naturalmente os passos daqueles que vemos como pessoas intelectualmente superiores a nós.


No entanto, há um momento em que nossa mente se encontra em um dilema difícilimo que empaca a nossa imitação, que é aquele da constatação do conflito entre várias pessoas diferentes que são mais inteligentes que nós. Quem já se defrontou com qualquer manual de filosofia sabe bem que as maiores mentes da história da humanidade viviam em conflitos entre si, mesmo quando suas posições políticas e religiosas eram bastante similares. Hume discorda de Descartes, Kant discorda de Hume, Hegel discorda de Kant e por ai vai. Isso nos leva a uma grande confusão, afinal, dentre tantas pessoas sábias, qual delas possui verdadeiro conhecimento?


Não devemos de forma alguma subestimar esse problema, porque resolver ele é a base de nossa vida. Para lidar com os problemas do nosso cotidiano nós precisamos de conhecimento e nos problemas mais críticos não há consenso entre os sábios. Há muitas pessoas que enlouquecem diante dessa situação, chegando até o ponto de negar todo o tipo de verdade e se afundar em relativismo e niilismo. Contudo, oferecerei uma solução que usarei como base para fundar os argumentos ao redor deste texto.


Sempre que eu investigo alguma proposição filosófica, tenho de partir de um primeiro pressuposto: o de que existe algum tipo de experiência real que torna possível a sua elaboração. Se eu digo que um filme me deixou triste, é porque algo naquele filme interage com minha psique de forma que essa relação me provoque tal reação. Nesse sentido, temos que averiguar os enunciados nos eforçando ao máximo para reproduzir em nossa imaginação essa experiência ontognoseológica que permitiu que eles sejam escritos. Em termos menos complicados: vamos averiguar a qualidade do enunciado a partir de uma reconstrução imaginativa da atividade interior que levou aquele enunciado a ser produzido, tal como um cientista repete experimentos para averiguar a veracidade de uma hipótese. Ouso dizer que isso está de acordo com a recomendação que nos sugere o Evangelho, quando nos ensina a por em prova todas as coisas e reter o que é bom1 e aponta que é por meio dos frutos que conheceremos2.


É partindo desse princípio epistemológico que naturalmente alego meu preconceito contra o aniconismo protestante. Em pouquíssimas oportunidades de minha vida tive a experiência de olhar para qualquer ícone ou imagem e me remeter a algo que não fosse Deus. Em fato, acredito que tenho um grande referencial comparativo e experimental, já que entrei em diversas Igrejas diferentes ao redor do mundo e pude persecutar meu coração sobre a maneira que aqueles icones provocavam minha mente. Em algumas Igrejas onde os ícones estavam bem harmonizados com o ambiente, senti que aqueles ícones me faziam prestar atenção em Deus e nos mistérios da religião, já em outras mais simples (ou até isentas de qualquer icone) eu facilmente me dispersava para temas mundanos. Afinal, Deus me proíbe de uma experiência que me faz esquecer do mundo e pensar nele? Improvável.


Convido vocês para um exame prático. Observem esse tradicional icone do bom pastor:



O que vocês verdadeiramente sentem quando olham para esse ícone?


Esse ícone os incita ao pecado? Vocês olham para ele e sentem que desejam esquecer a Deus e tomar esse ícone como se Deus fosse? Ou, pelo contrário, esse ícone serve como um convite para lembrar do Cristo e das verdades da religião?


Digo para vocês com toda a honestidade de meu coração que este icone me faz lembrar do Cristo, pura e tão somente dele. Se este ícone não estivesse no caminho de minha visão, certamente estaria pensando em qualquer coisa que não fosse o Cristo, mas quando o olho, só consigo pensar nele. Naturalmente, também olho para o ícone e sei bem que ele é tão somente uma imagem, o ícone obviamente não é o próprio Deus, mas apenas uma lembrança dele, um símbolo.


Sei também que essa lembrança confere algo de especial ao material em que ela se manifesta. Se alguém pega um papel em branco e cospe nele, não há nada a se condenar, mas se neste mesmo papel é impresso um icone de Nosso Senhor, tal ato é uma terrível ofensa contra Deus e contra os Cristãos. A impressão da lembrança do Cristo sob aquele material evoca uma dimensão divina nele ao mesmo tempo que não realiza nenhum tipo de apoteose para que ele se torne propriamente Deus. Há uma dignidade toda especial naquele material que não haveria se ali nada houvesse. A mesma coisa acontece quando imprimimos as Bíblia em um papel, afinal, são dois atos inteiramente distintos aqueles de rasgar uma folha em branco e rasgar uma página da Bíblia. A graça de Deus impele o homem de tal forma que ele agrega um valor sagrado a materiais mundanos.


Mesmo o mais famoso aniconista da história, Mohamed, o profeta do islão, reconheceu isso em certo momento. Quando as tropas de Mohamed conquistaram Meca, ele entrou na Caaba, templo ecumenico pagão onde várias religiões se faziam presentes com suas representações sagradas, e mandou seus subordinados apagarem todos os ídolos ali presentes. Contudo, ele titubeou diante de alguns ícones, aqueles que retratavam a Santíssima Virgem Maria, Nosso Senhor Jesus Cristo e Abraão3, tidos como profetas do islão, e mesmo ele não foi capaz de mandar apagar aqueles ícones tão sagrados. Em um conflito entre a devoção sincera e sua repulsa aos ícones, ele não ousou negar que havia ali algo de sagrado.


A caaba mussulmana. Nota-se a ausência de qualquer imagem dentro.


Citei aqui tão somente o sentimento de zelo e proteção que naturalmente devemos ter com qualquer material em que sejam impressos a dignidade das coisas dadas por Deus, seja a Bíblia ou as imagens, mas vou mais além e aponto que há sentimentos naturalmente positivos e pessoais que ali estão presentes. Não é assim que acontece quando olhamos para as fotos e pinturas de qualquer outra pessoa? Sei que é, já que muitas vezes olho as fotos de meu falecido avô e meus olho se umedece em um sentimento que mistura a tristeza de não o ter mais comigo e o amor de lembrar daquela figura tão querida. Como eu posso amar ao Cristo, mas ver uma pintura que lembra ele e não ter certo amor por algo que me lembra dele também? É apenas o natural.


Isso é elevado a um interessante patamar quando pensamos na maneira como nos relacionamos com Deus. A verdade é que a maioria dos seres humanos experimenta a Deus de uma maneira um tanto distante, ele é invisível4, não ouvimos a sua voz e nem como ele se parece5, mas tentamos nos recordar e pensar nele de alguma forma. Em fato, Deus, em sua onipresença, está sempre próximo e zelando por nós, mas temos dificuldade de sentir sua presença. Nesse sentido, os ícones são de grande serventia, pois através deles podemos direcionar nosso espírito para o criador, tornando ele mais concreto em nossas mentes. O ícone não é essencial para nos relacionarmos com Deus, mas é instrumento que podemos utilizar para tanto, tal como o óculos não é essencial para a vista, mas é usado para aperfeiçoar a nossa visão.


Neste ponto, gostaria que o leitor meditasse um pouco sobre minhas afirmações aqui. Elas corresponderam ou não a experiência que vocês tiveram do icone?


Parto do princípio que sim, já que a mim elas correspondem. Contudo, poderia o sr. Gaião ou outro protestante objetar que essa experiência poderia ter alguma coisa de diabólica, já que na visão deles os textos sagrados e a doutrina dos pais da Igreja condenam o uso de representações do divino como idolatricas. Seria um argumento válido. Muitas vezes nos equivocamos sobre variados assuntos e poderiamos ter nos equivocado nessa experiência, mas Deus jamais se equivoca. Sabendo disso, procedo a uma investigação acerca de todas as principais fontes que servem de autoridade espiritual para o Cristão e que poderiam atestar alguma deficiência em nossas experiências.


2. Qual a doutrina católica acerca do assunto?


Antes de nos adentrar no terreno espinhoso do testemunho das Sagradas Escrituras e da doutrina dos Santos Padres, devemos antes conferir a doutrina da Igreja Católica. Afinal, do que adiantaria fazermos essa experiência toda se a própria doutrina da Igreja negar o nosso argumento? Dariamos razão as críticas do sr. Gaião, mesmo que por linhas tortas.


Antes de nos adentrarmos no tema das imagens dentro do católicismo, devemos antes passar sobre o tema do culto. Aponta a doutrina católica que deve-se prestar o culto a Deus através de atos internos e externos6. Não basta adorar a Deus só com o coração, mas é também necessário adorá-lo exteriormente, com a alma e com o corpo juntamente, porque ele é Criador e Senhor absoluto de um e do outro7, assim como não basta adorar apenas exteriormente, pois que sem a mudança interior o culto externo fica destituido de vida8. Essa adoração (latria) é o primeiro ato de virtude da religião, onde se reconhece a Deus como o Criador e o Salvador, o Senhor e o Dono que tudo o que existe, o Amor infinito e misericordioso9. Essa adoração é pura e tão somente dedicada a Deus, que deve ser reconhecido como um Deus único, sendo o culto dessa natureza a qualquer outra coisa que não Deus uma terrível perversão, chamada idolatria10.


Idolatria x uso católico de icones: diferença gritante.


Esse culto de adoração (latria), que é devido só a Deus, distingue-se daquele prestado aos Santos servos de Deus, chamado veneração (dulia)11. A veneração visa uma certa dignidade do homem que, apesar de existir por semelhança a dignidade própria de Deus, nem sempre e atualmente se refere a Deus. Essa reverência que tributamos a alguém, enquanto imagem de Deus, redunda de certo modo em uma reverência a Deus, diferindo da adoração, onde a reverência é tributada ao próprio Deus, que não se refere a imagem nenhuma12. Quando louvamos as boas obras de um Santo, louvamos em fato as boas obras que Deus fez através do Santo, enquanto quando louvamos a Deus, não fazemos referência a nenhum Santo.


Ensina a Igreja Católica que as imagens sacras e o icone litúrgico não podem representar o Deus invisível e incompreensível. Em fato, ela chega a apontar que no antigo testamento Deus, que não havia se revelado por não possuir corpo ou aparência, não podia ser representado por uma imagem, mas isso passou a ser possível graças a sua encarnação, ou seja, a vinda de Jesus Cristo13. Dessa forma, essas santas imagens destinam-se a despertar e alimentar nossa fé no mistério de Cristo, renovando continuamente a sua lembrança e nos incutir maior fervor em amar e adorar o próprio Deus, além de incentivar à imitação da vida e costumes dos Santos14. Por meio do ícone do Cristo e de suas obras, ele é adorado, enquanto que nos icones dos anjos e santos veneramos as pessoas que ali são representadas15.


Devemos apontar também que o ícone dentro do contexto católico é um sacramental, ou seja, é um sinal sagrado instituído pela igreja segundo o qual são significados efeitos predominantemente espirituais, com o objetivo de preparar os homens para receber o fruto dos sacramentais e santificar as diferentes circunstâncias da vida16. Não que essa classificação tenha algo de tão especial, em fato quase não há uso honesto de coisas materiais que não possa ser dirigido à finalidade de santificar o homem e louvar a Deus. Os sacramentais preparam os fiéis bem dispostos para receber a graça divina e dispõem a cooperação com ela17. Dessa forma, deve-se apontar que, a partir da reverência aos ícones espera-se grandes bençãos por parte de Deus18.


Exemplo de ícone e milagre

Suspenderei aqui a minha exposição para falar brevemente sobre um argumento do sr. Gaião que concerne a presente exposição e dificilmente se encaixaria bem em outros tópicos. Segundo ele, a doutrina que separa latria de dulia é uma distinção feita para racionalizar um mal comportamento criado de maneira posterior à formação da Bíblia e do Cristianismo por Anástácio, bispo corrupto de Teopólis19. Essa tese é uma tolice completa que apenas demonstra uma inacreditável ignorância acerca das Sagradas Escrituras por parte do autor. Primeiramente, devo pontuar que a doutrina que distingue entre latria e dulia não está expressamente prevista nas Sagradas Escrituras, mas é elaborada para as explicar, afinal, existem diversas passagens em que é prestada veneração a determinadas pessoas com total aval divino, sem jamais se confundir com a adoração devida a Deus. Exemplo nítido disso é quando a Santíssima Virgem Maria vai visitar Santa Isabel que, consumida pelo Espírito Santo, reconhece que estar diante de Maria é um enorme privilégio e honra por ela ser mãe do Senhor, sendo acompanhada por São João Batista, ainda nascituro, que se exaltou com a presença de Maria e seu Filho20. Para além disso, também devemos notar que o desenvolvimento dessa doutrina precede Anástácio em séculos, havendo registros excessivos dessa doutrina dentro dos escritos do maior clássico da patrística, Santo Agostinho21.


3. O que nos ensinam as Sagradas Escrituras


É impossível falarmos de ícone nas Sagradas Escrituras sem mencionar uma informação importante: o próprio Deus ordenou aos homens que fossem feitos icones em mais de uma oportunidade. Na primeira delas, Deus ordena a construção de um tabernáculo com imagens de querubins22 e associa sua presença com essas imagens23. Isso pode gerar uma certa estranheza, afinal, no exato mesmo livro em que se condena o uso de imagens, também se afirma que não se pode fazer imagem esculpida de nada que se assemelhe ao que existe lá no céu e deve-se adorar a Deus somente.


Há diversas formas de resolver ess aparente contradição, mas vamos examinar a solução que o sr. Gaião nos oferece. De acordo com ele, quando os judeus se prostavam diante da arca, eles em fato não estavam posicionados para se prostrar diante dos querubins, mas no espaço vazio entre um e outro, para adorar o Deus invisível24. Não discordo da interpretação, mas ela não resolve o problema da confecção dos próprios querubins, que são criaturas celestes25 e que poderiam recair na condenação previamente estabelecida.


A solução deste problema está na própria interpretação das Sagradas Escrituras, onde Deus explica adequadamente a razão pela qual ele proibiu as imagens. O Senhor nos lembra que até aquele momento ninguém jamais tinha visto sua real forma, e, já que não o viram, não deveriam se aventurar em esculpir nenhuma criatura para o representar, tal como fizeram os povos pagãos26. Dessa forma, proíbe-se não somente tomar uma criatura por Deus, como também representar Deus de maneira inadequada.


Deus vai mais além e nos concede um sinal ainda mais evidente sobre as imagens quando ordena a Moisés que ele erija uma serpente de bronze no alto de um poste e atribui a essa serpente capacidade curativa27. Essa serpente é uma imagem de Jesus Cristo, havendo um expresso paralelo entre sua presença no alto do poste e a de Cristo no madeiro da cruz28. Diante dessa evidência, Gaião alega que a serpente de bronze não serve de prova em favor dos icones, porque não há menção de pessoas se prostrando ou venerando a serpente29. Afirmo que essa resposta recai na falácia de shift the goalposts30, já que a crítica que ele se propõe a fazer é a de que os ícones sagrados constituem, por si, uma forma de idolatria, inclusive recomendando a destruição de todos os ícones31, mas na hora que ele vê o próprio Deus ordenando ao homem que se fizesse um ícone ele altera sua demanda para o ato de prostação e reverência.


Representação da serpente de bronze

Vou além, afirmo que a proposição de não haver nenhuma reverência a este ícone em particular é absurda, afinal, uma pessoa que foi até aquele ícone olhar e ser curada não está se relacionando com Deus através daquele ícone com veneração ao que ele significa? Se o sr. Gaião existisse naquela época e testemunhasse tal devoção a serpente, certamente acusaria de supertição e idolatria. Inclusive, podemos perceber a distinção entre idolatria e culto adequado ao ícone olhando para o desenvolvimento futuro da própria história desse icone de serpente, visto que, tempos após a morte de Moisés, no reinado de Ezequias, o povo começou a tomar aquele icone dado por Deus de forma idolátrica, obrigando o rei Ezequias a por a serpente abaixo, chamando ela de mero pedaço de bronze32. Em um primeiro momento, temos um culto adequado ao ícone que rendia milagres divinos e em outro a condenação por idolatria. Afinal, o que mudou? A diferença fundamental é que inicialmente o povo estava sendo aflingido por uma punição divina que vinha através das serpentes, sendo assim, o ícone da serpente era interpretado adequadamente, pois que a serpente estava corretamente associada ao pecado deles sendo punido (lembrem também que do papel da serpente em Gênesis), enquanto nos tempos de Ezequias a punição havia acabado e as pessoas acendiam incesos para a serpente como se ela fosse um objeto de adoração em si mesma, um deus à parte com poderes de cura33 tal como Baal e outros que eles passaram a adorar34.


Temos então de maneira bem clara que Deus participou ativamente na cofecção de ícones e que estes ícones possuiam função religiosa e eram canais para milagres. Contudo, retomo aqui ao problema da representação de Deus. Lembro aos leitores o que foi afirmado anteriormente no que diz respeito da condenação de representações inadequadas de Deus feitas em falsa analogia com a criatura. Ora, as representações feitas sobre Deus eram inadequadas naquele ponto porque Deus não havia aparecido neste mundo senão por sua Palavra, mas nos dias de hoje essa situação mudou por completo, porque a Palavra se fez carne habitou entre nós, Jesus Cristo35, que é imagem do Deus invísivel36. Sabemos como são as coisas do alto apenas na medida em que Deus as revelou para nós. Outras representações de Deus nos foram apresentadas, tal como o Espírito Santo, que aparece em forma de pomba após Nosso Senhor Jesus Cristo ser batizado por São João Batista no Rio Jordão37.


Por fim, convido meus leitores a que façam um experimento prático a partir da leitura das Sagradas Escrituras. Meditem sobre as citações do Antigo Testamento onde Deus é mencionado com aquelas do Novo Testamento. Após fazer isso, me digam: não é verdade que, no próprio ato de ler as Sagradas Escrituras, você faz imagens mentais da pomba que desce do céu e da aparência de Nosso Senhor Jesus Cristo, enquanto que nas passagens do Antigo essa imagem não se reproduz ? As imagens são algo próprio de uma religiosidade que se baseia no Deus que se fez carne e andou entre nós.


4. Como funcionava a Igreja nos primeiros séculos da Cristandade


Para falar sobre uma prática específica da vida dos primeiros Cristãos, é da mais suma importância estudar também a maneira pela qual a Igreja funcionava. Naturalmente que não vou levar o tema até a exaustão pelo motivo óbvio de que isso nos desviaria o foco do objetivo de falar sobre os ícones, além de exigir um algo muito além de um pequeno post de blog na internet. Assim, gostaria de proceder falando apenas da maneira pela qual a autoridade religiosa estava prevista e a maneira pela qual era ela exercida.


Naturalmente, a figura central do Cristianismo é Nosso Senhor Jesus Cristo e é por derivação da autoridade que ele possuia que se estabeleceu toda e qualquer outra autoridade. A imagem mais utilizada para explicar o funcionamento da Igreja é uma analogia com o corpo humano, onde temos Jesus Cristo como cabeça e os membros da Igreja o seus membros38. Através de seus milagres e da retidão de sua doutrina o Cristo reuniu muitos seguidores, mas alguns obtiveram um privilégio muito especial. Estes foram os apóstolos, os doze discipulos mais próximos do Cristo, nomeados para função de pregar a boa nova da encarnação de Deus pelo mundo, além de outras competências. Estes eram Simão, Tiago, João, André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, Tadeu, Simão e Judas Iscariotes39. Esses apóstolos possuem uma função muito especial dentro da Igreja e através de suas palavras Deus manifesta a sua sabedoria40 pelo poder do Espírito Santo que os toma como testemunhas do Cristo41.


Essa Igreja possui uma hierarquia em que é previsto um maior e um menor, sendo o maior dentre todos responsável por servir à coletividade dos membros da Igreja42. Naquela época, com Jesus presente, a figura central da Igreja era fácil de perceber, sendo ele próprio o líder, porém ele sabia que deveria morrer na cruz e por isso escolheu dentre os apóstolos um em especial para ser representante visível de sua autoridade. O escolhido foi o apóstolo Simão, a quem ele mudou o nome para Pedro, sinônimo de pedra, indicando que este apóstolo seria como uma pedra sob a qual o Cristo edificaria sua Igreja43. Essa autoridade é chamada de “primado petrino”. A Pedro foi concedida a chave do reino dos céus e a autoridade para ligar e desligar a conexão das coisas da terra com o céu44. Por ligar e desligar devemos entender que essa autoridade cria e elimina certos deveres pelos quais os seguidores de Cristo devem seguir por obrigação. Tal é o que nos testemunha os primeiros país da Igreja, fontes confiabilíssimas da doutrina da Igreja45. Essa autoridade não está ligada propriamente a figura da pessoa de Simão, mas sim ao seu status como Pedro, tendo o Cristo deixado de o chamar Pedro quando ele cometia algum erro, inclusive em uma oportunidade chamando-o de Satanás e afirmando que ele era uma pedra de tropeço46.


Mateus 16,18-19


Contudo, devemos prestar atenção para não cair em um erro comum que acontece sempre que análisamos ações políticas, tais como as da autoridade da Igreja, dentro da história. Instituições não agem por si, mas apenas através de seres humanos concretos que as representam, dentro dos limites a que eles são capazes. Em termos de Direito, o Estado Brasileiro possui soberania por todo o seu território, contudo, sabemos bem que dentro deste território há pedaços em que não se faz possível exercer autoridade por questões materiais, tal como aquelas comunidades que infelizmente foram tomadas pelo narcotráfico e são inacessíveis ao poder do Estado. Por isso, devemos distinguir a autoridade em termos de Direito, ou seja, tal como ela está legitimamente prevista e constituida, e de fato, tal como suas possibilidades de Direito realmente realizam na história.


Dito isso, devemos pensar o primado petrino também dentro de suas possibilidades materiais de concretizar da autoridade que possuia. Nessa direção, precisamos falar inicialmente sobre o fato de que naqueles tempos a Igreja era uma instituição que possuia bastante dificuldade para se sedentarizar e organizar suas ações, porque nascia dentro do contexto do Império Romano cujos fundamentos no paganismo e cesarismo conflituavam com o Cristianismo nascente47. Os primeiros Cristãos eram pobres e duramente perseguidos pelas autoridades constituídas48 e praticamente todos os primeiros ocupantes do trono petrino foram martirizados49. Também deve-se mencionar uma limitação tecnológica, afinal, como é que, em pleno século I, o detentor do trono petrino poderia exercer sua autoridade imediatamente sobre toda a Igreja? Não havia e-mail, whatsapp, carros, aviões ou qualquer tecnologia que possibilitasse sequer a comunicação em longas distâncias, o que naturalmente implicava que a autoridade da Igreja se exercesse de forma descentralizada e com alguma autonômia.


Gostaria de aproveitar a ocasião da menção do primado petrino para responder outra tese estapafúrdia do Sr. Gaião. De acordo com ele, devido a enorme quantidade de evidências que se agregam contra a autoridade papal, a Igreja Católica aceitou em seu seio a relativização de um dogma fundamental para o catolicismo, a regra de Lérins, segundo o qual as verdades católicas foram cridas sempre, em todos lugares e por todos os membros da Igreja. Essa relativização da doutrina supostamente foi dada por São Newman a partir de sua tese sobre o desenvolvimento do dogma50. Contudo, essa é uma tese absurda, porque o próprio autor do dogma em questão, São Vicente de Lérins, não entende essa regra da maneira absolutizada pela qual o sr. Gaião deseja tratar, aceitando que poderiam haver algumas pessoas em erro nos princípios do cristianismo51, além de aceitar a possibilidade de progresso do dogma sem desfigurar a ortodoxia ao qual ele reputa como análogo ao do desenvolvimento do corpo humano52.


5. Qual o real testemunho dos primeiros Cristãos quanto ao uso dos ícones?


Devido ao fato de que os primeiros Cristãos eram perseguidos pelo Império, era apenas natural que o culto fosse mais discreto, pois que eles poderiam ser brutalmente assassinados por sua fé. Por isso mesmo, grande parte dos primeiros registros da iconografia Cristã são encontrados em catacumbas subterrâneas onde se enterravam os primeiros mártires e se cultuava em segredo53. Importante notar que nos primeiros séculos do Cristianismo o corpo dos mártires era extremamente valorizado como algo sagrado, chegando ao ponto de que, ainda no século III, Santo Antão, em seu leito de morte, se incomodou com um hábito exagerado que foi desenvolvido pelos Cristãos egípcios de pegar o corpo destes Santos (tido como sagrado) e guardar em casa, pedindo que seu corpo acostumado com a solidão da vida contemplativa fosse enterrado em um lugar onde só os monges pudessem visitar e que apenas se distribuísse a sua roupa54. Dessa forma, não podemos deixar de entender a dimensão de culto e veneração que tinham esses ambientes, coisa que está plenamente de acordo com o espírito do Cristianismo de sua época.


C atacumba de Calixto, em Roma, século II


O sr. Gaião chega a mencionar as catacumbas e dizer que elas não constituem fontes adequadas para entender como realmente funcionava a Igreja nos primeiros séculos porque, segundo ele, quem fazia as catacumbas não eram as autoridades da Igreja55. É apenas curioso que ele viva afirmando que o culto de veneração de imagens seja um desenvolvimento posterior criado por força da propaganda imperial, mas diga que são provas inválidas os registros arqueológicos cabais das ações que os Cristãos simples dos primeiros séculos faziam em um esconderijo feito para fugir do império. Também devo afirmar que a tese de que as autoridades não tinham participação nesse processo é inverossímil, já que dificilmente um grupo minoritário e perseguido como os Cristãos dos primeiros séculos poderia ficar tão desunida de suas autoridades constituídas e igualmente perseguidas. Se a ausência de menções das catacumbas por parte das autoridades constituídas opera em favor de alguém, certamente é em favor dos que defendem os santos ícones, visto que nenhum doutor da Igreja se deu o trabalho de condenar aqueles fiéis nas catacumbas.


Em fato, é possível ir além e apontar que não apenas nas catacumbas, mas também nos baptistérios dos primeiros séculos é possível encontrar registros de ícones feitos por cristãos. Para quem não sabe, o baptistério é o local em que se realizam os batismos, evento fundamental da vida Cristã. Não é razoável crer que os primeiros Cristãos e as autoridades constituídas não percebessem que o exato local onde se realizava o evento que marca o renascimento do homem em Jesus Cristo fosse maculado com um ídolo.



Imagem aproximada do ícone no próprio baptistério


Em fato, os textos do próprio apologeta anticatólico nos dão uma amostra da maneira pela qual as autoridades naturalmente passaram a adotar os ícones dentro de suas igrejas. Em um destes textos, o sr. Gaião espuma de raiva contra uma autoridade da igreja do século IV, o bispo São Paulino de Nola, a quem acusa de profanar o tempo, porque este intuiu que seria útil para a evangelização que se colocassem ícones dentro da igreja56. Ora, a própria história que ele nos conta com relação a São Paulino de Nola sepulta seus impropérios de que a naturalização do uso de ícones veio de manipuladores imperiais, mostrando claramente como um bom e Santo bispo, fiel a igreja, fez questão de pessoalmente os pintar. Esse homem a quem o detrator da igreja difama não possuía qualquer tipo de rabo preso com o império, pelo contrário, a história nos dá testemunho de que ele vinha de família nobre e recusou todo o tipo de regalias dentro do Império, distribuindo seu dinheiro aos pobres, conduta irrepreensível que era louvada mesmo por grandes pais da igreja como Santo Ambrósio57. Outros doutores da igreja também se manifestaram com naturalidade quanto ao uso de ícones58, mas não creio que preciso levar isso a exaustão.


Em fato, poderia devolver a acusação e mostrar o quanto o protestantismo tem uma ligação promíscua com Estados e Impérios ao ponto de fazer essa questão dos ícones parecer irrelevante, mas isso é assunto para outro dia.


Não apenas São Paulino de Nola, como outros fiéis ao redor de toda a Cristandade também adotaram comportamentos similares. Há um estudo arqueológico muito interessante feito por Oxford no Egito em que se descobriu uma enorme quantidade de artefatos litúrgicos (leia-se, usados em culto) contendo iconografia Cristã. Outra informação importante encontrada no Egito diz respeito a correlação entre ícones impressos em têxteis fabricados no Egito e as catacumbas, visto que eles eram usados em Roma e Bizâncio como um ornamento para o sepultamento de Cristãos59.


Esse desenvolvimento da iconografia cristã ao redor dos primeiros séculos chegou em seu apogeu no século VIII, com a controvérsia iconoclasta. A Igreja se viu dividida em um conflito sobre o uso de ícones, certamente por forte impulso do nascimento do islão, religião iconoclasta por excelência, e teve de resolver o problema. Foi então convocado então o II concílio de Niceia para deliberar sobre um assunto e os bispos ali presentes decidiram, por unanimidade, em favor dos ícones. A partir daquele ponto, foram considerados anatemizados todos aqueles que discordam da possibilidade da veneração dos santos ícones. Esse concílio é um inabalável pilar que respalda a milenar prática do uso de ícones no Cristianismo. Por mais que o sr. Gaião dedique esforços para difamar os conciliares, este é um fato inegável.


6. Ressalvas e conclusão


Como me propus desde o começo, meu objetivo maior neste texto foi mais edificar meus leitores com uma longa abordagem acerca dos ícones do que propriamente responder Pedro Gaião. Ele é uma pessoa de grande potencial e vejo que ele tem um impulso forte na direção da pesquisa a despeito de sua formação de exatas, mas infelizmente ele opta por nublar o seu potencial com o interesse fútil de debater com católicos. Vejo que quase toda a obra dele foi inteiramente dedicada a falar mal da igreja e criar narrativas históricas onde os méritos dos católicos são diminuídos e os crimes exagerados. É uma vida intelectual cujo único fim é a difamação. Deixar citações patrísticas nas mãos de alguém com essa intenção é como deixar uma metralhadora nas mãos de um macaco.


Os perigos de um macaco com metralhadora na mão


A verdade é que o sr. Gaião sequer tem uma doutrina muito clara para justificar sua aversão aos ícones, mas mesmo assim luta pela destruição deles. Não existe uma tese clara a qual podemos falsear, então ele aproveita a oportunidade para modificar os critérios para satisfazer o seu desejo o tempo todo. Se os Cristãos vão até a serpente de bronze obter milagres de Deus, ele diz que não é culto porque não se prostaram, mas quando o sacerdote é expressamente ordenado a se prostar diante de ícones para falar com Deus, ele diz que isso não basta, porque ele não está de frente para os ícones, mas sim no vazio entre eles. Não há coerência em suas cobranças, fora a de gerar confusão sobre a doutrina católica e ortodoxa acerca dos ícones.


Para concluir, gostaria de apontar aqui que há sim possibilidade de se fazer críticas sobre o uso de ícones. Em fato, ícones são sobre certo sentido obras de arte e é possível que sua recepção se dê de forma diferente em povos distintos. O testemunho supracitado da diferença de tratamento dado a um ícone pelo povo nos tempos de Moisés para o do tempo de Ezequias mostra claramente isso. Certamente se vocês examinarem com calma na história da Igreja e dos grandes Santos você verá que há homens incríveis de ambos os lados incentivando ou rejeitando o uso de ícones, inclusive dentro do ambiente católico posterior ao II Concílio de Nicéia.


A questão dos ícones e toda a patrística se insere no mundo Cristão como uma maneira de insuflar os fiéis a uma maior intimidade com Deus. Toda e qualquer meditação acerca do assunto deve levar isso em conta. Antes de pensarmos em polêmicas vãs, devemos meditar sobre os efeitos do uso dos ícones em caráter religioso e sermos sinceros quando apontamos se eles nos edificam ou deixam de edificar. Houve uma polêmica muito interessante dentro do meio católico sobre o assunto entre o Venerável Pedro da abadia de Cluny e São Bernardo Clavajal, abade da ordem dos Cistercienses, em que São Bernardo falava que toda a beleza das pinturas das igrejas de Cluny distraiam as pessoas de Deus, enquanto o Venerável Pedro defendia que elas tinham um papel importante para edificação do imaginário dos mais fracos.


Espero ter satisfeito por completo os anseios de todos por melhores esclarecimentos e convido a todos a acompanharem alguns vídeos em que comento sobre temas relacionados e dou mais dicas sobre religião:





Referências (perdão por não formatar direitinho em ABNT, eu honestamente estou com preguiça de fazer isso).


11 Tessaloniceses 5,21

2 São Mateus 7,20

3Ibn Shaqi, 821 - Nessa passagem minha interpretação está equivocada, checar a nota de retificação aqui: https://guecult.blogspot.com/2020/08/nota-de-retificacao-mohamed-e-os-icones.html

4São João 1,18

5Deuterônomio 4,37

6Catecismo maior de Pio X. 352.

7Idém. 355.

8Idém. 356

9Catecismo da Igreja Católica § 2096

10Idém §2114

11Catecismo maior de Pio X. 371.

12Santo Tomás de Aquino, Suma Teológica, II-Iiae, q. 103, art. 3, resposta à terceira

13Catecismo da Igreja Católica § 1159

14Catecismo Romano, III, 24

15Idém § 1192

16Idém § 1677

17Idém § 1670

18Catecismo Romano, III, 24

19PapoSacro Cast #007 ICONODULIA feat. Pedro Gaião. 12:37 – 16:28

20“Quando Maria saudou a prima, o menino de Isabel saltou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Com grande contentamento, Isabel exclamou, dirigindo-se a Maria: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o filho que estás a gerar. É uma grande honra ser visitada pela mãe do meu Senhor! Quando me deste a tua saudação, no momento em que ouvi a tua voz, o menino saltou de alegria dentro de mim! És feliz por teres acreditado que Deus cumpriria as coisas que te foram ditas” São Lucas 39-45

21 O número de citações de Santo Agostinho sobre o assunto é gigantesca e eu não seria redundante em fazer um novo compilado quando já há um muito bem feito, ao qual eu chequei fonte por fonte, aqui: RODRIGUES, Rafael. Santo Agostinho e o culto aos santos. Disponível em:<http://apologistascatolicos.com.br/index.php/patristica/controversias/792-santo-agostinho-e-o-culto-aos-santos> Desde: 29/04/2015.

22Êxodo 26,1

23Êxodo 25,22

24PapoSacro Cast #007 ICONODULIA feat. Pedro Gaião. 50:30 – 54:10

25Os querubins são criaturas tidas como carruagem divina em que Deus se assenta tanto no Salmo 18,10 quanto em 2 Reis 19,25

26Dt 4,15-17

27Números 21,8

28São João 3,14

29PapoSacro Cast #007 ICONODULIA feat. Pedro Gaião. 51:53 – 52:06

30Mover os postes é uma falácia informal em que a evidência apresentada em resposta a uma reivindicação específica é rejeitada e alguma outra evidência (muitas vezes maior) é exigida. Ou seja, após uma tentativa de marcar um gol, os postes são movidos para excluir a tentativa. O problema de mudar as regras do jogo é que o significado do resultado também é alterado” https://en.wikipedia.org/wiki/Moving_the_goalposts

31PapoSacro Cast #007 ICONODULIA feat. Pedro Gaião. 2:34:53 – 2:35:19

322 Reis 18, 4

33O ensino tradicional judaico nos lega um ensinamento que diz o seguinte “A serpente matou ou preservou a vida? Em vez disso, quando o povo judeu voltou seus olhos para cima e sujeitou seus corações ao Pai Celestial, eles foram curados, mas se não, eles apodreceram com suas picadas de cobra.” (Rosh Hashanah 29a). Este é um nítido exemplo da diferença entre o uso reverencial do ícone para sujeitar os corações a Deus e um que toma por paradigma a serpente.

342 Reis 17, 16

35São João 1

36Colossensses 1, 13-15

37São Mateus 3,16

38Colossenses 1,18

39São Marcos 3, 14-19

40São Lucas 21,15

41Atos dos Apóstolos 1,8

42São Lucas 22, 24-27

43São Mateus 16,18

44São Mateus 16,19

45Veja esse maravilhoso compilado de documentos patrísticos do José Miguel Arráiz: http://apologeticacatolica.org/Primado/PrimadoN09.pdf

46São Mateus 16, 23

47Leopold Von Ranke, THE HISTORY OF THE POPES: their church and state, Colonial Press, página 4

48Dagoberto Romarg, COMPÊNDIO DE HISTÓRIA DA IGREJA: volume I. I, 8, § 64-65

49Júlio Maria Lombaerde, O CHRISTO, O PAPA E A EGREJA. 3 ed. Páginas 98-102

51Communitorio de São Vicente § 2

52Idém § 23

54Santo Atanásio. A VIDA DE SANTO ANTÃO, VII, § 91

55PapoSacro Cast #007 ICONODULIA feat. Pedro Gaião. 2:30: 23 – 2:30:49

57Ferdinand Holbock. SANTOS CASADOS: a santidade no matrimônio ao longo dos séculos. Minha Biblioteca Católica. Páginas 51-

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Olavo de Carvalho é um inimigo da fé católica?

1) Olavo de Carvalho defende o liberalismo, sendo assim, é um inimigo da Doutrina Social da Igreja I - Liberal? “Embora uma economia de mercado seja claramente menos opressiva para os cidadãos do que uma economia socialista, a liberdade para o mercado não garante automaticamente liberdade para as consciências. Na medida em que der por implícita e automática uma conexão que, ao contrário, só pode ser criada mediante um esforço consciente, o neoliberalismo se omitirá de cumprir o papel que se propõe, de abrir o caminho para uma sociedade mais livre por meio da economia livre: se uma opção econômica se torna o critério predominante se não único a determinar os rumos da vida coletiva, o resultado fatal é que os meios se tornam fins. E o mercado tem um potencial escravizador tão grande e perigoso quanto o do Estado. ... Mais sábio seria – e tenho de dizer isto, pois no Brasil não se pode descrever um estado de coisas sem que a platéia ansiosa nos cobre uma definição sobre o que fazer – que

Entendendo o Papa Francisco