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A batalha pela sanidade

 Discutir sobre falta de fé em pleno 2021 é desviar o foco do verdadeiro problema. Nosso problema é inteiramente o contrário: excesso de fé. Digo fé não em seu sentido teológico mais profundo, mas no ordinário: crença em algo sem bases. Esse é o grande problema dos nossos tempos!


Quão comum é para nós ver pessoas explorando milhões de seguidores com promessas de dinheiro fácil? Quão fácil não é angariar fiéis para novas seitas de espiritualidade "new age" que, francamente, parecem narrar um conto de fadas escrito por um adolescente depois de fumar maconha? Quantos livros circulam por ai que prometem riquezas e cura de doenças baseado em pensamento positivo ou outra frescura do tipo? Imagem clara disso é o tal "iluminista" do STF frequentando os trabalhos do bruxo João de deus.

Alguns dizem que somos a era do ceticismo porque as pessoas questionam as religiões tradicionais, mas alguém já parou para analisar o tipo de objeções que são levantadas? Não é nem um pouco raro pessoas, mesmo letradas, repliquem absurdos sobre como a Igreja achava que todos os canhotos, ruivas, gatos, cachorros e afins eram do demônio e queimavam na fogueira da inquisição em quantidades que superariam o número de habitantes da Europa na época. Esse ceticismo é tão somente uma fé irracional e injustificada como as outras.

Por isso, concorro com Mário Ferreira dos Santos: "precisamos de milhares de Sócrates". Pessoas capazes de expurgar não necessariamente a incredulidade das pessoas, mas sim sua credulidade no absurdo. Nossa batalha deve ser para restabelecer o mínimo de apreço pela verossimilhança, e, em última instância, pela sanidade.

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